Reciclar tem custos. E fingir o contrário é mentir ao ambiente.
Reciclar não é grátis. Não é magia, nem uma ideia romântica de “dar nova vida ao lixo”. Reciclar tem custos operacionais, logísticos, humanos e ambientais. Olhamos, para lá do que se vê!
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Reciclocentro
11/18/20253 min ler


Na Reciclocentro, acreditamos que o verdadeiro compromisso ambiental começa na verdade.
Reciclar não é grátis.
Não é magia, nem uma ideia romântica de “dar nova vida ao lixo”.
Reciclar tem custos operacionais, logísticos, humanos e ambientais — e ignorar isso é alimentar um discurso verde que não existe na realidade. Entendemos, que devemos cortar o mal pela raíz.
📘 1. A escolha do código LER compete ao produtor
A legislação é clara:
“O produtor ou detentor do resíduo é responsável pela correta classificação e codificação do mesmo.”
(art.º 24.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 102-D/2020)
Parece decorrer da letra e espírito da lei que cabe ao produtor identificar o resíduo, atribuir-lhe o código LER (Lista Europeia de Resíduos) e emitir a e-GAR correspondente no sistema SILIAMB.
Mas a realidade mostra que, muitas vezes, essa responsabilidade é delegada ao transportador ou ao operador, sem avaliação técnica nem caracterização prévia.
Um exemplo comum?
Resíduos classificados como 15 01 01 – embalagens de papel e cartão que, na verdade, chegam misturados com poeiras, plásticos, materiais contaminados ou restos industriais.
No papel, é “reciclável”.
Na prática, é refugo.
🧾 2. A verificação compete ao operador de gestão de resíduos (OGR)
O mesmo diploma estabelece:
“O operador de gestão de resíduos é responsável pela verificação da conformidade dos resíduos recebidos e pelo seu encaminhamento de acordo com a hierarquia de resíduos.”
(art.º 24.º, n.º 2 do DL 102-D/2020)
Ou seja, parece resultar da leitura lei que, se um OGR aceita resíduos incorretamente classificados, assume uma responsabilidade que não é transmissível
Não interessa se o produtor se enganou, se “sempre fez assim” ou se “a Sr.ª Eng.ª" ou o "Dr" é que tratou da e-GAR”.
No momento em que o operador recolhe e integra o resíduo no seu circuito, a responsabilidade passa a ser partilhada.
Por isso, o controlo documental, a recusa de resíduos incoerentes e a emissão de não conformidades são práticas de defesa e de transparência — não de intransigência.
⚙️ 3. O custo invisível da reciclagem
Separar, prensar, transportar, manter compactadores, cumprir registos, emitir relatórios — tudo isto tem custo.
Um contentor ou compactador de 20 m³ custa milhares de euros, a manuntenção outros tantos, a triagem requer mão de obra, o gasóleo não é gratuito, e a energia consumida nas prensas é real.
No fim, o preço de venda do cartão ou do plástico dificilmente cobre o custo total da operação.
Mas esta verdade não vende bem em campanhas de marketing.
É mais fácil mostrar o contentor amarelo cheio de garrafas limpas do que o refugo sujo e não reciclável que sobra no chão da triagem.
🧩 4. A ilusão verde e o dever de verdade
O setor ambiental português, parece-nos que vive muitas vezes entre diversos pontos:
os que decoram leis sem as ler;
e os que fingem cumprir sem compreender.
os que dizem são rigorosos - para responder às exigências dos grupos financeiros: fazer dinheiro;
quem paga a fatura? Do nosso ponto de vista, e sem prejuízo de melhor entendimento:
o ambiente e por consequência a perenidade da existência humano.
Nós procuramos alinhar com a lei, sem descurar o fator rentabilidade: estudamos, avaliamos e — quando necessário — dizemos “não”.
Não a um contentor ou outro dispositivo gratuito;
Não a um código LER que não corresponde ao resíduo;
Não a uma recolha que disfarça refugo de reciclável ou inviável nos recicláveis.
Cumprir a lei não é ser difícil.
É ser coerente, porque a responsabilidade um OGR não é transmissível.
⚖️ 5. O equilíbrio entre o ambiente e a economia
Gerir resíduos é também gerir expectativas.
A economia circular é uma meta, mas não pode ser uma desculpa para a desresponsabilização.
Enquanto houver custos invisíveis, transportes diários e energia gasta em cada fardo, a reciclagem tem de ser tratada como um serviço técnico, e não um favor ambiental.
🌍 6. Ver para além do que se vê - como no Rei Leão 3 - Hakuna Matata
Na Reciclocentro, a formação académica, certamente muito construtora, não tapa uma vida inteira de observação, leitura e prática.
Não há Doutores, nem Engenheiros - há pessoas, diferentes entre si e iguais nas suas camadas.
Entendemos, com as devidas reservas, que, que em Portugal, ainda há uma clivagem entre quem tem título e quem tem prática.
Mas o valor de uma pessoa não se mede por um crachá.
Porque um diploma rasga-se; a consciência, não.
E se há algo que aprendemos — é que o verdadeiro saber nasce da curiosidade, da ética e da humildade.
